Wednesday, August 23, 2006

Superman Returns



Este é, sem dúvida, o blockbuster por excelência. E dentro dos mais antecipados blockbusters de 2006, este era aquele que mais esperavam ser uma desilusão. As duas vezes que fui ao cinema vê-lo, provaram-me o contrário.

Mais uma vez, Brian Singer cumpriu. E seria assim tão inesperado que o senhor que aos 30 anos de idade realizou a grande malha "The usual suspects", conseguisse trazer de volta ao grande ecrã o herói mais notório de sempre? Não. Só mesmo para quem não acompanhou a carreira deste jovem realizador, e não sabe o quão "geek" das BD's este gajo é.

Depois de "X-Men" e "X2" terem revolucionado a forma como o mundo fantástico da banda desenhada poderia ser convertido em filme, "Superman returns" apresenta-se como um dos melhores filmes de sempre, dentro do género (talvez o melhor, mas eu sou duvidoso, super-homem sempre foi o meu herói favorito), e junta-se a "V for vendetta" e a "Batman begins" na recente onda de espectaculares filmes de comics que tem por aí aparecido.

Primeiro, o cast. Começando pelo "menos bom", Kate Bosworth dá uma Lois Lane perfeitamente legítima, e tão bem ou melhor conseguida como as restantes ao longo das inúmeras adaptações do super-homem, tanto para cinema, como para tv. Chata, opiniosa, perigosamente curiosa, mas sempre boa pessoa. Gostei. Não conhecia a actriz, achei-a gira (morena, o loiro não a favorece muito), e fiquei agradavelmente surpreendido. Mas a partir daqui, o nível é outro.

Lex Luthor, um dos maiores vilões alguma vez representados nos livros aos quadradinhos, vinha altamente preenchido por esse grande patrão da indústria, Gene Hackman. Poucos nomes poderiam "calçar os sapatos" do personagem, principalmente tratando-se "Superman Returns", da sequela directa para "Superman II", onde o senhor Hackman domina. Assim, os candidatos não devem ter sido muitos. E quando Kevin Spacey aceitou o papel, um resultado final de classe, ficou praticamente garantido. E assim foi. Louco que baste, frio, calculista, sádico, interesseiro, genial mas um bocado patego (interpretação do realizador ou do actor, não sei, na BD Lex Luthor é bastante arrogante e seguro de si, e um pouco menos sádico), este novo Luthor adapta-se com excelência ao enredo do filme, mostrando, de forma simples e convincente, como um homem "normal" pode enfrentar um super-homem. Um espectáculo. Sempre acompanhado pela sua quase-fiel "sidekick" Kitty Kowalski (Parker Posey), Luthor procura, através dos cristais que rouba da "Fortaleza da Solidão", criar um mundo à sua medida, no qual não tem lugar o homem de aço. Para isso arrisca a vida de milhares de milhões de pessoas, ou "biliões" como dizem os americanos. Um maluco, este Luthor.

Finalmente, o melhor. Brandon Routh, esse que podem ver aí na foto armado em modelo, e que sozinho, foi responsável por quase toda a insegurança que se gerou em torno da possível qualidade deste filme, acabou por brindar todos os fãs do super-homem, com a melhor interpretação do herói alguma vez conseguida. É, de longe, tudo, neste filme. Desempenhou as cenas de acção com a concentração necessária, e nota-se o esforço em cumprir rigorosamente a ideia do realizador. As poses, os maneirismos, a confiança, tudo nele fazia realmente parecer que era um ser invencível. Absolutamente fantástico. Já como Clark Kent, faltou-lhe um pouco de "pateguisse", típica do personagem, como forma de manter a sua identidade secreta. Falta de jeito do actor ou tentativa de atenuar uma diferença exagerada que até agora existia entre super-homem e clark kent, tratando-se da mesma pessoa? Só o realizador o saberá. Eu desculpo este pormenor. Os mais críticos vão, com certeza, aproveitá-lo.

A história do filme está brutal e cheia de buracos que a malta vai adorar comentar. O super-homem volta à terra, mesmo a tempo de salvar a sua amada de uma queda de um avião. Vá-se lá saber como sobreviveu ela 5 anos sem ele. Simultaneamente, desenrola-se uma trama para conquistar o mundo, da parte de quem vocês já sabem, e que mataria muita gente, se fosse caso de chegar a esses pontos. Uma curva errada ali à saída de Saturno, o super-homem atrasava-se 5 dias e já perdia o gozo todo. Louvado GPS, de série, com qualquer nave kriptoniana.

Mas, a verdade é que o gajo estava cá, e sendo assim, o desenrolar dos acontecimentos foi fluido como a água, durante 2 horas e meia de filme, que passam em 30 minutos, onde finalmente já se vê a capa do super-homem a flutuar no espaço.

Não percam. Poucos filmes valem tanto o dinheiro como este.

9/10

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