Sunday, December 30, 2007

I am legend



Está entre nós, o último blockbuster a estrear em 2007 em Portugal. 'I am legend' conta a história de Robert Neville, o último sobrevivente da cidade de Nova Yorque, devastada por uma doença criada pelo homem que, além de ter morto 90% da população mundial, transformou a maioria dos restantes em criaturas zombie-like, sensíveis ao sol e que se alimentam de carne humana.

Neville, cientista do exército Norte Americano, vive para tentar descobrir uma cura que salve os infectados, acompanhado por um fiel pastor alemão e por uma dúzia de manequins espalhados pela cidade, com quem fala.

Tudo neste filme é muito bom. Will Smith oferece um desempenho muito convincente (mais uma vez), num papel bastante exigente que é o de um homem marcado pelo fim do mundo. O tempo de filme é muito bem medido, com flashes para o passado através dos quais se fica com uma ideia dos acontecimentos que ocorreram antes da catástrofe. A história (totalmente não original) é boa, e eventuais semelhanças com o recente '28 days later' não são pura coincidência - este último, tal como muitos filmes de zombies, foi 'buscar ideias' à mesma obra - mas 'I am legend' é uma adaptação directa do livro de 1954, facto que aparentemente confundiu quem viu o filme e o rotulou como 'um 28 days com mais efeitos e maior orçamento'.

Ora, os ditos efeitos pagos com uma absurdidade de dinheiro: As criaturas neste filme são inteiramente animadas por computador. Uma escolha polémica, justificada pela dificuldade que teriam actores a sério a realizar algumas das acrobacias que os 'zombies' (mais fortes, rápidos e ágeis) seriam capazes de fazer. Depois do êxito de 'I, robot', acho que os senhores acharam que se safavam outra vez assim. Ganhou-se alguma espectacularidade nas cenas de acção, mas perdeu-se realismo nas cenas mais paradas. Este facto, sou capaz de perdoar.

O que realmente me desiludiu neste filme foi o facto de fugir bastante à história original do livro, uma história onde os zombies eram vampiros, onde alguns infectados permaneciam vivos e criaram uma nova sociedade que procurava adaptar-se a esta nova realidade, e onde o cientista era um caçador, matando tanto os vampiros sanguinários, como os infectados-vivos (esteticamente iguais), pensando que se tratava do mesmo tipo de criaturas, e que assim se tornou uma 'lenda' entre essa nova sociedade, uma lenda monstruosa de um assassino temido, tão mau como os vampiros. Nem conto o final que esse então rebenta com tudo. Até choro só de pensar no filme que sairia daqui.

Assim, em última análise, acho que me fico por um pessoal 7/10, sendo que, na prática, o filme merece mais se nos abstrairmos do livro.

8/10


1 comment:

kriaxpatala said...

Após ter visto agora a versão em DVD com um final alternativo (já para não falar de que a maria me ofereceu o livro), a minha opinião sobre o filme mudou ligeiramente. O novo final está mais "completo", são dados mais indícios sobre a eventual capacidade de raciocínio das criaturas, ou seja, aproxima-se um pouco mais do livro e daquilo que eu esperava inicialmente do filme.

Apesar disso, continua a ser notória a brutal diferença de orçamento entre a primeira hora de filme, e o resto. A dimensão épica que a história "oficial" atinge no final pedia muitos dólares, e as cenas iniciais duma Nova Iorque desolada rebentaram com várias carteiras. Assim, continua a não ser uma adaptação excelente, mas sim um retrato distorcido de um livro que recomendo, com um final meramente satisfatório.

Mantenho a nota 8.